domingo, 27 de dezembro de 2009

As águas do Rio Belém, em eventos de chuva, apresentam características médias similares às encontradas em esgotos domésticos

A Bacia Hidrográfica do Rio Belém é uma bacia genuinamente curitibana. Representa 20% da área do Município de Curitiba e abriga aproximadamente 50% de sua população. Suas águas estão poluídas e contaminadas primordialmente por esgotos domésticos e resíduos sólidos.

Neste contexto, a avaliação da qualidade das águas assume um papel de fundamental importância como fonte de informações para direcionar proposição de ações para a despoluição do Rio Belém.

O objetivo geral deste trabalho é conhecer o comportamento de algumas variáveis consideradas importantes para caracterizar a qualidade das águas do Rio Belém em um ponto estratégico da bacia em eventos de chuvas intensas.

O trabalho teve início com a escolha da seção de controle a partir de critérios específicos como localização, facilidade de acesso e representatividade quanto a Bacia Hidrográfica do Rio Belém. Foram definidas as variáveis de qualidade das águas que pudessem representar as condições de uso e ocupação do solo da bacia, a saber : Cor Aparente, Temperatura da Amostra, Potencial Hidrogeniônico, Condutividade Elétrica, Demanda Química de Oxigênio, Nitrogênio Total Kjeldahl, Nitrogênio Orgânico, Nitrogênio Amoniacal, Fósforo Total, Oxigênio Dissolvido, Porcentagem de Saturação de O2, Sólidos Totais, Sólidos Dissolvidos Totais, Sólidos Suspensos Totais, Sólidos Sedimentáveis, Turbidez e Vazão.

Para essas variáveis, delineou-se um plano de amostragem determinando a freqüência amostral das coletas, iniciando-se com uma coleta antes do início da precipitação, para que se pudesse conhecer a qualidade basal das águas do Rio Belém. Em seguida foram realizadas coletas em um período de trinta minutos, totalizando dez amostras com intervalos de três minutos entre si. Nesta etapa o objetivo é o de captar dados de qualidade simultâneos ao pico da vazão das águas do Rio Belém. Após o pico de chuva, foram coletadas outras três amostras com um intervalo de dez minutos entre si, uma amostra duas horas após o início da chuva e, por fim, uma última amostra após três horas do início da chuva, totalizando então dezesseis amostras relativas à
qualidade das águas. A partir dos dados quantitativos foi calculada a carga orgânica gerada pela Bacia do Rio Belém.

O evento de chuva monitorado ocorreu após 69 horas de intervalo sem precipitação e teve duração de uma hora e gerando na bacia um volume precipitado de 1.854 m3. As variáveis estudadas apresentaram diferentes tempos de resposta em relação aos picos de concentração.

De uma maneira geral, oito variáveis apresentaram uma resposta aos vinte minutos após o início da precipitação. Como a carga de poluentes sofre influência da vazão do rio e esta aumenta gradativamente ao longo do tempo, as respostas apresentadas tenderam a ser aproximadamente 20 a 30 minutos mais tardia.

Com base neste estudo, pode-se concluir que a geração de poluentes na Bacia Hidrográfica do Rio Belém é significativa e este efeito é melhor observado na região central da Cidade de Curitiba onde a densidade populacional é maior que em outras áreas da bacia. As variáveis analisadas, principalmente Nitrogênio, Fósforo e Sólidos apresentaram concentrações médias equivalente às encontradas em esgotos domésticos, indicando a baixa qualidade das águas do escoamento superficial e o seu potencial poluidor.

EDWIGES, Thiago; BOLLMANN, Harry Alberto Bollmann. Avaliação temporal da carga orgânica transportada no rio belém, estação prado velho, curitiba, pr, em eventos de chuvas intensas. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado do Curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Junho de 2007, 87p.

http://docs.google.com/fileview?id=0B-CvYAvSwLd9YjcwNmU1MjQtMzFlYS00OTY4LWE0NGEtOTBkNjJhZjQ4OGEw&hl=pt_BR

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Os moradores se interessam em participar da melhoria da qualidade ambiental do Rio Belém?

Com a vigência da Constituição Federal de 1988, o Brasil criou um ambiente propício ao desenvolvimento da participação dos seus cidadãos na vida pública, uma vez que os canais jurídicos atuais permitem o acesso direto destes nos processos de tomada das decisões relacionadas aos temas de interesse coletivo. É o caso dos recursos hídricos que, pela Lei Federal n. 9.433/97, ficou convencionado a água como um bem coletivo e sua gestão por setores da sociedade civil organizada e o poder público, nas suas três esferas de poder (união, estados, distribo federal e municípios).

Contudo, mesmo com as municipalidades gozando de maior autonomia política, especialmente depois de 1988, os cidadãos ainda encontram-se distantes dos ambientes de discussão e negociação que são tomados por grupos historicamente arraigados no poder.

No intuito de observar um dos aspectos da participação popular em relação aos recursos hídricos, o presente projeto se amparou na pesquisa das relações desenvolvidas na bacia hidrográfica do Rio Belém, em Curitiba/PR, e assim identificou o grau de interesse de particição na sua gestão pela parte do cidadão comum residente naquela área, uma vez que o problema de poluição ali observado influencia diretamente a qualidade de vida de toda a comunidade.

Para elucidar a hipótese proposta no presente estudo, além da revisão bibliográfica concernente ao tema, foram aplicados 400 formulários junto aos moradores de toda a bacia em estudo, de modo homogêneo, e realizadas entrevistas junto a representantes do poder público, terceiro setor e acandemia.

Como resultado, constatou-se uma baixa coesão social, fruto de uma evolução histórica local que limita o interesse do cidadão comum em participar da melhoria da qualidade ambiental da bacia hidrográrfica aqui estudada.

CARVALHO JUNIOR, Moacir Ribeiro de. O interesse popular na gestão dos recursos hídricos sob a ótica do desenvolvimento sustentável: o caso da bacia do Rio Belém em Curitiba/PR. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2007, 268p.

http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=872

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Políticas públicas e programas de gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio Belém

Aproximadamente 82% da população brasileira vive nas cidades, o que permite supor a influência direta das ações humanas no meio ambiente urbano. Neste cenário, o processo de urbanização das cidades, a exploração inadequada dos recursos hídricos, o crescimento populacional, o uso e a ocupação desordenados do solo contribuem para a degradação dos recursos hídricos. A partir da criação de instrumentos jurídicos e programas de gestão de recursos hídricos, as instituições governamentais buscam controlar o uso inadequado da água, tanto em seus aspectos de qualidade quanto de quantidade.

Esta dissertação tem por objetivo apontar os instrumentos jurídicos estruturados bem como os programas desenvolvidos para a gestão dos recursos hídricos, e seus reflexos na qualidade das águas na bacia hidrográfica do Rio Belém.

A bacia em questão situa-se em toda sua extensão no município de Curitiba/PR, com uma área total de 88 km2. O seu curso d´água principal corta o município de norte a sul, abrigando cerca de 40% da população de Curitiba e 48 bairros. Para atender aos objetivos específicos propostos neste documento, foram realizadas pesquisas documentais e bibliográficas principalmente focando os instrumentos jurídicos aplicáveis e os programas de intervenção no âmbito da bacia do Rio Belém.

A estas pesquisas somaram-se a realização de entrevistas semi-estruturadas com representantes da gestão pública municipal e estadual que puderem contribuir para elucidar questões específicas sobre as políticas públicas planejadas para a bacia, bem como a execução de um plano de monitoramento da qualidade das águas.

A partir da comparação temporal dos instrumentos jurídicos e dos programas de gestão dos recursos hídricos na bacia do Rio Belém, constatou-se que os padrões de uso e ocupação urbana da área de drenagem da bacia do Belém causaram a perda progressiva da qualidade das suas águas antes mesmo dos primeiros planos de monitoramento, e que a implementação dos planos não resultaram na melhoria significativa na sua qualidade, haja visto a recente criação e implementação destes.

Entretanto, foi possível identificar as fontes pontuais de poluição, localizadas predominantemente na região central da bacia. Propõe-se continuar o monitoramento da qualidade das águas como instrumento de gestão, visando contribuir com um banco de dados para avaliar futuras intervenções baseadas em instrumentos jurídicos e programas de gestão.


Bracht, Carolina de Cristo. Os instrumentos jurídicos e programas de gestão dos recursos hídricos e seus reflexos na qualidade das águas na bacia hidrográfica do rio belém. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2008, 218p.

Uso do solo e conservação das águas em bacias hidrográficas urbanas


O crescimento rápido da população urbana e da industrialização submete os recursos hídricos a graves pressões e compromete a capacidade de proteção ambiental das cidades. Diferentes fatores, de maneira sinérgica, influenciam diretamente nos regimes das águas alterando as variáveis do ciclo hidrológico. Os rios urbanos, no âmbito dos municípios, recebem todas as alterações e os impactos que as atividades antrópicas têm causado, existindo uma crescente necessidade de encontrar-se soluções e estratégias que minimizem e revertam os efeitos desta degradação ambiental.


A Lei Federal n. 9433/97, que institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos delega aos Estados e à União a outorga de direitos de uso das águas. Com isso, deixam de existir rios municipais. Entretanto, a gestão do uso do solo, conforme a Constituição Federal de 1988 é de competência dos municípios. Isso tem criado muitos conflitos e dificuldades para as cidades gerenciarem as bacias urbanas devido à falta de integração e da setorização das ações públicas.


Tendo isso presente, optou-se por realizar este estudo de caso para avaliar a gestão das bacias hidrográficas urbanas de Curitiba, procurando articular o arcabouço político-institucional e suas interfaces com o meio ambiente e o uso e ocupação do solo. Para tanto, foram consultados documentos que contemplam as ações, os planos, os programas e os projetos desenvolvidos pelo munícípio de Curitiba a fim de traçar um paralelo com os principais fundamentos e diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos. Identificam-se as questões legais inerentes ao tema da gestão dos recursos hídricos no Brasil, principalmente no tocante aos municípios, e apontam-se alguns instrumentos como a Agenda 21 e o Estatudo das Cidades como caminhos para auxiliar os municípios na gestão de suas águas.


Ao lado disso, realizou-se uma pesquisa de campo, tendo como instrumento um questionário estruturado com nove questões objetivas a respeito de conceitos de gestão de recursos hídricos. Selecionou-se como público-alvo agentes que atuam na rede de gestão dos recursos hídricos de Curitiba e de outros municípios na Região Metropolitana (RMC) e demais atores da gestão de recursos hídricos.


Uma das conclusões do estudo é que, em Curitiba, a gestão dos recursos hídricos por meio da bacia hidrográfica urbana apresenta obstáculos a serem superados para sua implementação, desde aqueles relacionados às características estruturais e institucionais do município até os encontrados na divisão político-administrativa, bem como na falta de percepção da bacia hidrográfica pela população, em função das canalizações, construções, avenidas e demais alterações na paisagem natural.


Soma-se a isso a falta de integração com o Sistema Estadual de Gerenciamento por bacia hidrográfica for feita de forma integrada e participativa. Para toanto, é urgente que se efetive o Plano de Bacias do Alto Iguaçu, planejamento este, que estabelecerá as metas prioritárias para a revitalização da bacia, e principalmente que haja uma ação política incisiva junto ao Governo do Estado para efetivar o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraná, que hoje em dia se encontra em discussão. É importante também dentro desse sistema rever a legislação pertinente à participaçaõ dos municípios e sua representatividade no processo.


Boscardin, Cláudia Regina. Gestão de bacias hidrográficas urbanas: a experiência de Curitiba. Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2008, 222p.





sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Importância Simbólica

A bacia hidrográfica do Rio Belém é uma bacia genuinamente curitibana. Com seus 84 km2, sua área de drenagem representa cerca de 20% da área do município de Curitiba e abriga aproximadamente 50% de sua população.

Engloba os principais bairros da cidade, entre eles o Batel e o Centro, e à esta bacia estão relacionados os principais pontos naturais e arquitetônicos que tem representado a cidade de Curitiba, entre eles o Centro Cívico, o Museu Oscar Niemeyer, a Rua XV de Novembro, a Universidade Federal do Paraná, o Teatro Guaira, a Catedral Metropolitana, o Jardim Botânico, o Passeio Público e as principais praças da cidade.

No dia 6 de outubro de 1999, o Jornal Gazeta do Povo divulgou a opinião da população curitibana quanto aos principais símbolos e referências da cidade. O Prédio histórico da Universidade Federal do Paraná na Praça Santos Andrade foi eleito em primeiro lugar como símbolo de Curitiba com 258.130 votos. Dentre os mais citados, apenas o Parque Barigui não está inserido na bacia hidrográfica do Rio Belém.


Por outro lado, no dia 23 de Julho de 2007, o blog da Revista Curitiba Deluxe divulgou o resultado de uma pesquisa intitulada "As Sete Maravilhas Bizarras de Curitiba". Seis dentre os sete locais bizarros mais votados estão na bacia hidrográfica do Belém. Inclusive o próprio Rio Belém foi o quarto colocado na votação.

Isso reforça a importância simbólica do Rio Belém como uma região onde se encontram os principais símbolos da "alma curitibana" pois agrega tanto as imagens que apresentam Curitiba para o mundo , quanto os símbolos do mau gosto, ou bizarros da cidade, como a Estátua da Liberdade da loja Havan na linha verde (eleita em primeiro lugar), a fonte do Cavalo Babão no Largo da Ordem (segundo lugar) e o templo batista na Batel, eternamente em construção (terceiro lugar), entre outros.

Entretanto, o estado de conservação das suas águas não está à altura da sua importância simbólica. O Instituto Ambiental do Paraná realiza sistematicamente a avaliação da condição de qualidade das águas dos rios na Região Metropolitana de Curitiba. na bacia hidrográfica do Rio Belém são 9 pontos amostrais, e os resultados mostram um rio classificado como de "poluído" a "muito poluído".

Triste paradoxo: o rio símbolo da ex-capital ecológica é um rio morto.

Imagens Históricas

Esta imagem histórica mostra os trabalhadores na retificação de um trecho de rio, provavelmente do Rio Belém. Pelo aspecto da região, trata-se de algum local próximo ao Rio Iguaçu, onde o terreno é naturalmente mais plano.
Alguém tem alguma informação sobre essa foto? Data, local e quem são as pessoas retratadas?
Se alguém tiver mais fotos históricas sobre o Rio Belém e quiser compartilhar por meio deste blog, por favor enviem suas contribuições. A história do Belém, e de Curitiba, agradece...